segunda-feira, 27 de abril de 2009

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

FuJão!

por Chico Brinati



Não sei bem o motivo pelo qual ele resolveu ir embora. Só sei que, da noite para o dia, ele desapareceu. Sua presença nos corredores da Facom foi substituída pela notícia que ecoava: Fubangu fugiu! Uns riam, outros temiam, poucos entendiam. Sempre se espera um por quê. Por que João Paulo de Almeida Siqueira Oliveira, o João Fubangu, resolvera deixar toda uma vida universitária sonhada para trás? No seu caso, não busquem respostas. Quando se trata dele, elas sempre vêm carregadas de muita complexidade.

Desde o princípio, ele já mostrava indícios de que seria um nome marcante da Comunicação, um dos líderes do Noturno. Foi abusado quando, na preparação da nossa calourada, tomou o megafone vestido de Zé Carioca para cantar Raimundos no calçadão da Halfeld. Questionou Gilbertão, bebeu com ele. Foi corajoso ao enfrentar um ônibus que o pressionava contra um cavalete numa manifestação dos alunos da UFJF. Sempre tinha uma faísca a mais para esquentar os calorosos debates na “arena” da sala. Ao mesmo tempo que polemizava, formava uma das duplas mais complexas da turma com o famigerado-por-metal Léo e o seu “Paranóia”. Rubro-negro alucinado criou o mítico e arisco goleiro Tanajura no futsal, no entanto, nunca foi dos melhores quando a bola rolava no videogame. Assustou a todos com uma internação às pressas para tratar de uma trombose. Ganhou popularidade e veio a ser o presidente do D.A., conduzindo com maestria e descontração o processo eleitoral para a direção da Facom, em 2002. Divertiu-se bastante por festas estranhas, com suas danças esquisitas. Apaixonou-se. E como se apaixonou. Viveu muitos e intensos amores nestes períodos. Perdeu o DCE, ganhou o PET. Seguiu sua vida acadêmica por “trilhas” que mudaram o seu modo de encarar a vida. Dizem que, por lá, recebeu um sinal de outro planeta para isso. Escreveu belos e criativos textos, criou um movimento variado de artigos da série: “ode a...”. Com isso, desbravou os jornais da cidade para todo o resto da turma. Quase no fim, mostrou-se uma pessoa forte, superando a inesperada ausência de Seu Lúcio e assumindo os negócios da família, junto com seu eterno escudeiro: Lucinho. Orgulho para Dorinha e ídolo para a irmã. Fubangu idealizou demais a Facom. Passou por estas e outras diversas experiências e, às vezes, parecia estar inconsciente ao que acontecia a sua volta.

A Faculdade foi, para o grande Fubangu, uma fuga, uma abstenção de tudo o que tinha sido sua vida até então. Fuga de si mesmo. Fuga do João-menino. Fuga para a maioridade.“Na Faculdade pude ser eu mesmo”. Pelo bem da Facom, a sua escapada em outubro de 2002 foi rápida. Deu só um pulo na capital mineira. Mesmo assim, foi tempo bastante para sentirmos a sua falta. Falta que espero não sentir depois que fugirmos juntos desta universidade.

João foi um personagem polêmico no campus. Louco para alguns, “peralta sem estribeiras” para ele. Para mim, um sujeito de bom coração, humano no que se tem de bom ou de mal nisso, um irmão.

Criatividade, coragem e destreza aliadas neste nome que, com certeza, irá figurar entre os grandes do jornalismo que já passaram pela UFJF. Genial e genioso, João Paulo viveu a Comunicação na linha tênue entre o amor e o ódio. Ode ao João.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O fim do destacamento 37

Portanto, era o general, hoje encerramos nossas atividades por cá, nessas bandas. Gostaria muito de agradecer a participação patriota de todos aqui presentes. E o cabo ali suando, esperando que o discurso acabasse e tudo aquilo ali fosse o fim daqueles meses de penúria e desolação na selva - pátria o caralho, esse filho da puta ficou no bem bom com uma índia chupando o seu paw o dia inteiro. Entretanto, continuava o comandante, também não posso olvidar - que porra de verbo é esse, pensou o tenente. Bom, já era muito ele ter identificado o termo como um verbo, saber o significado, realmente, seria uma espécie de ultraje com as forças armadas. Continuando a história com um flashback escrito, porém traduzido: Entretanto, não podemos esquecer do quanto fomos bem acolhidos pelos nativos. Esperávamos certa hostilidade, afinal, mesmo sendo membros da federação e aqui ser uma área federal, eles poderiam se sentir invadidos - e como, lembrou com certo tesão o capitão. E hoje, podemos ser consideramos bravos guerreiros do melhor batalhão de fronteiras dessa nação. Não há indício algum de que qualquer outro destacamento militar em todos este país tenha conseguido evitar tantas mazelas à pátria quanto nós. Dizem, sorriu alegre para o coronel ao seu lado, que inclusive, esse que vos fala será nomeado novo ministro do exército, uma honra não só para mim, mas principalmente, para vocês, meus homens - putaquepariu, pensou o tenente de novo, esse filho da puta comeu todas as índias, não fez sequer uma manobra física e agora fica tirando onda. Antes que o último suspiro do comandante saísse de suas feições, o major ergueu ser braço direito e pediu, com todo o protocolo, a palavra. Como o senhor general muito bem sabe, em nossas forças armadas, a sinceridade e o respeito são duas coisas que custumam andar juntas - ora na falta, ora no exercício. E depois de ouvir de vossa boca tão majestosa notícia, não posso... digamos, me olvidar, que como muito bem disse o senhor, de relatar a todos, inclusive a este jornalista que nos acompanha - seu humilde narrador, as verdadeiras intenções de nosso destacamento. Somos sim, muito mais do que um grupo de elite da sociedade, somos sim, muito mais do que gratificados com o nosso comandante sendo elevado ao segundo posto mais alto de nosso exército - só perde para o presidente, lembrou silenciosamente algum dos presentes. Gostaria muito de agradecer ao nosso general, futuro ministro de nossa amada pátria, por toda a sacanagem que ele nos brindou, trazendo índias virgens e baratas, nos levando à verdadeiras noites bolivianas, com muito pó e chachaça e claro, não poderia deixar de, novamente, olvidar, as várias vezes em que negligenciei a fartura de tão condecorado rabo a minha espera. Bufando o general estava sendo contido, mas o clima de sinceridade e desrespeito fazia com que os de menor patente, em maior número, contivesse os superiores. Juntos, queriam ouvir o triunfo daquelas palavras verdadeiras. Uns dos cabos que liderava a adesão ao major, após um pequeno borburinho, interrompeu a fala do superior e continuou seus agradecimentos. É meu comandante, não saberemos o que irá nos acontecer depois desse momento, quem sabe seremos sacrificados em nossos quartéis ou mandados para fronteiras ainda mais longínquas. Entretanto, não podemos deixar de compor a verdade neste momento. Viemos para aqui com o objetivo de fechar a fronteira para o tráfico de drogas e armas. Porém o senhor logo negociou com traficantes de ambos os artigos, além de entregar armamento do nosso exército para que paramilitares colombianos continuassem o sufrágio ao seu próprio povo. E isso não foi pouco, você... quer dizer , o senhor, além de promover verdadeiros bacanais pederastas, fazendo com que baixas patentes fossem submissos a vossa ferocidade sexual, ainda mandou matar alguns nativos que sabiam do envolvimento de sua pica com as índias da aldeia. Fora sua mesquinharia, arrogância e falta de tato nas ordens. Ficou seis meses dando ordens e não dando qualquer exemplo, é um chefe de merda e agora será eleito pelo governo à ministro do exército e na capital irá promover iguais desigualdades, iguais sacanagens. É meu dever, quer dizer, nosso dever, resguardar nossa nação de tão odioso exemplo de ser humano. Entretanto, como não somos de sua laia, não iremos mandar que corra para que atiremos em suas costas, muito menos vendaremos seus olhos e rompiremos seu crânio com balas. Não, não iremos usar os seus métodos infalíveis, aos quais fomos apresentados e iniciados. Simplesmente nunca chegara à capital para a posse. Irá escrever e assinar uma carta ao presidente onde renuncia a indicação e além disso, admite nas letras a infidelidade com a pátria, o favorecimento pessoal com o cargo e a intenção de punir injustamente por insubordinação aqueles que não queriam ser seus escravos. Porém, olhou o cabo na direção daqueles que tinham o general em seu poder, é uma pena meus companheiros não pensarem assim. Gutierres, Navarro, de Oliveira, eram os que estavam com o comandante em mãos, multilem esse monte de merda e entregue aos canibais, Armando, diga ao chefe dos nativos que foi este ai mesmo quem sumiu com a flha dele e que o menino nascido com rosto estranho, é sim, filho deste imbecil...
Meia volta volver!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Quarta geração

E tudo acaba neste instante para que tudo comece Novamente.
Os anos vão passando e cada vez menos interessante se torna o passar dos anos. Não que a vida tenha nos deixado de despertar interesse, pelo contrário, ela nos brinda com boas safras. O problema é que cada vez mais que me torno racional, mais os homens se tornam infantis. Ele e suas malditas leis e costumes e tradições e loucuras. Passei boa parte do meu tempo hoje tentando entender sujeitos como Weber, Marx. Tenho a leve impressão de que tenham despertado nas pessoas percepções antes não vistas, um barato coletivo da ordem da amplitude mental. Se estes grandes da sociologia histórica interpretaram o mundo, muitos mundanos tentaram interpretá-los.
Vejamos o caso dos esportes. Ele nasceu para a idade moderna. Os Estados-Nações secularizaram uma imensa quantidade de diferenças, apostando na previsibilidade das ações do homem. A alemanha, por exemplo, antes de sua unificação, eram dezenas de estados independentes com culturas ora similares, ora diferentes, ora opostas. Entretanto, sobre o manto da camisa alemã em uma Copa do Mundo, todos se tornam homens da mesma pátria. E em cada pátria, existem regiões, províncias, condados e em cada um deles, vilas, cidades, ranchos, sítios, fazendas que por sua vez têm uma, duas ou três equipes diferentes. Por isso, a cada temporada vemos as bandeiras postas em confronto e os rivais em combate se degladiam nas arenas oficiais, particulares e públicas.
O esporte se tornou uma grande peça de nossa existência pois foi movido pelo impulso secreto que existe dentro de cada um de nós, um impulso de vitória, mas não apenas disso, um propósito bi-valente que, ao mesmo tempo em que busca a vitória, se saceia com a disputa. Além é claro, de proporcionar outras sensações sádicas e pouco altruístas como a alegria pela derrota alheia e o "se alimentar com falsas glórias" - trapaças e outras artimanhas que tiram a sinceridade da alegria de vencer.
Numa eleição municipal também é assim e ainda vai além. A política supera até mesmo as questões irracionais do corações e mesmo, racionais da ética. Ela mexe com tudo e faz saladamista com o passado e as ordens tradicionais, mesmo que sempre tendem a conservá-las. Se antes alguém odiava alguém, hoje componhem a mesma chapa. Têm aqueles que pulam de partido a cada pleito, esperam conseguir melhores votações ou pelo menos "pode dar mais sorte". E ainda temos as questões familiares, é pai que passa poder ao filho, é primo que assassina o tio, irmão brigando com irmão, mulheres fazendo fofocas e distribuindo verdades e inverdades, vizinhos se pegando e por ai vai.
Quando a família do meu pai deixou suas terras em Espera Feliz, lugarejo próximo ao pico da Bandeira, na fronteira de Minas com o Espírito Santo, muitas circunstâncias levaram Nico, meu avô, a querer que tudo se resolvesse no fim da estrada. Eles eram quinze migrantes internos, íam para uma cidade bem maior que a de origem, mas ainda assim, não sendo a capital do estado. Meu Avô e sua esposa, Maria, lideravam a cansativa excursão com seus filhos, cunhados, netos e agregados. Antes de pegar a via empueirada em caminhões cheios de gentes e esperanças, muita vida tinha se passado por ali naqueles olhos.
Nico era filho de um cristão novo, neto de judeus portugueses e conhecido como Jacó, o prolífero. Vovô era o 20º filho de uma imensa dinastia de cerca de 63 seres humanos gerados, fora os abortados e natimortos, 8 esposas e inúmeras amantes e namoradas, fora as putas. Hoje, sei que tenho parentes em vários cantos do Brasil, do Uruguai e do mundo, mas seria talvez impossível reconhecermos uns aos outros, esse meu bisavô não foi lá muito atenção com seus filhos, vivia mudando de cidade em cidade, sempre a procura de ouro e bucetas. Parecia haver uma bola em chamas dentro do seu espírito que não o deixava quieto e não conseguia fazê-lo ficar sossegado, parado muito tempo no mesmo modo de vida. Foi um verdadeiro dandi "se virão", por assim dizer.
Apesar disso, entre todos aqueles irmãos e irmãs legítimos e ilegítimos, criados e esquecidos, vô Nico tinha lá seu jeito parecido com o pai. Por isso sempre fora um dos favoritos. Contam, é claro, que também havia sido beneficiado pelo fato de Jacó ter ficado realmente apaixonado por sua mãe, Esmeralda, portuguesinha de 15 que ainda lhe daria outros cinco filhos. Meu avô era o primeiro filho do quinto casamento e acompanharia seu velho por muitos anos. Não foi a toa que ficou conhecido como Nico do Jacó, privilégio concedido publicamente apenas a ele, a nenhum outro, das dezenas de nomes fora permitido esse tipo de intimidade com o cristão novo.
É claro que seu comportamento criava discórdia onde chegava. Sua liberdade locomotora deixava todos apreensivos, ninguém sabia como segurar seus impulsos. Não ía às missas, não gostava de cachaça, detestava jogo e ficava muito tempo em duas atividades principais: extraindo malacaxeta das minas e trepando com qualquer uma que lhe permitisse esse tipo de intimidade. Com o tempo, a vida de mascate lhe ensinara alguns segredinhos e por isso, sempre tinha à postos, banha e cheiros para se lavar. Ao sair da escuridão das cavernas, chegava em casa e tomava um longo banho frio. Num verão, quando acabara de chegar em casa e se preparava para assear , assustou-se com o choro de uma criança. Parecia que vinha de algum lugar próximo a porta da rua. Foi até lá para investigar e por algum buraco na fresta pode perceber um moleque de uns três anos parado com os olhos vermelhos e uma expressão de descontrole. De cinco em cinco segundos, o garoto soltava um grito estridente, provocando uma profunda algazarra na cabeça de quem ouvia.
- Ei menino, que porra é essa gritando na frente da minha casa. Deve ter sido o capeta que te mandou aqui para pertubar meu banho.
E o pobre menino, vendo a face cruel daquelas palavras continuava insistentemente a chorar e a chorar. Jacó percebeu um bilhete em suas mãos. Deixe eu ver isso aqui, seu porra, disse nervoso e quase quebrando os dedos da criança. "Seu judeu filho de uma puta. Este aí é o seu filho, criança que matou minha filha ao nascer e que esconderam de mim. Entretanto, a verdade sempre aparece. E você agora ou recebe este maldito em sua casa ou o atira no rio que passa por trás dela. Não quero ver seu sangue por perto, mando lhe cortar os colhões, seu velho safado. Que o demônio te abrace, Cel. Antônio Bento".
Em uma expressão sincera, deixou escapar um leve e quase imperceptível "puta que pariu". Era uma carta de um dos mais poderosos senhorios de terras daquela região. Realmente tinha se engraçado com a filha, mas não imaginava que a coitada havia morrido ao conceber um filho seu. Como vou fazer, pensou, daqui a pouco Esmeralda vai querer saber por que esse maldito esta aqui chorando e eu não vou ter o que falar. Lógico que ela perceberá o ocorrido. Sua esposa estava na feira da vila tentando arrecadar alguns recursos vendendo produtos plantados em sua propriedade. Como tinham muitas necessidades materiais, eram várias bocas, tinha pelo menos três mulheres, uma oficial e outras duas de consorte. Ali, mulheres também trabalhavam, íam aos mercados oferecer produtos e comprar mantimentos. Jacó não via qualquer sentido em recriminá-las por querer ir e vir, pelo contrário, para ele era ótimo que elas exercessem funções além da casa como comprar comida ou fazer dinheiro. Talvez tenha sido por isso que tenha tido tantas. Outra coisa que não fazia aos parentes era obrigá-los ir à missa aos domingos. "Deus existe para qualquer um, ninguém precisa me dizer onde Ele estará, muito menos marcar dia e horário", dizia quando questionado de sua ausência ou da ausência de mulheres e filhos nas manhãs dominicais.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O tesão de um homem casado enquanto trabalhador

Então eu estava sentado na minha mesa – que não é uma mesa, mas uma ilha onde divido minhas tarefas laborais com outras cinco pessoas, e chegou aquela que tem provocado meus sussurros inesperados pela manhã e às vezes, a noite, antes de dormir. Já tem um tempo que ela vem ativando inesperadamente minha libido e me fazendo fantasiar cenas mais do que eróticas no meu ambiente de trabalho. O pior é que ela é daquele tipo meio tapada, mas não imbecil, parece ter uma moral justa, meio ingênua e um pouco ignorante, aquele tipo de mulher que, na verdade, deu pouca atenção às instruções e dá muito à beleza (como deve dar!). E ela sabe, sabe muito bem o que o seu corpo pode causar nas pessoas, sabe o quanto babamos pelo seu rabo, sabe o quando desejamos abaixar mais um pouquinho só da sua calça já rebaixada.

Então eu estava sentado na minha cadeira quando ela apareceu na minha frente – do outro lado da mesa, com uma blusa que deixava sua cintura uns 6, 7 centímetros de fora, angulada pela causa jeans justa। E no que ela falou comigo, não pude como não investigar o que enxergava com o canto do olho. Tentei sem jeito disfarçar minha ação, inclinei meus olhos para a divisão entre seu umbigo e seu sexo, por milésimos de segundos, minha cabeça pode captar aquela imagem libidinosa, cheia de mistérios que é a cintura de uma mulher metida numa calça apertada. Bom, ela percebeu meu olhar safado, mas não se afastou de mim, apenas enquanto continuava o assunto (outros também estavam inseridos na conversa), puxava a blusa para baixo com a sua mão, fez uma, ela me viu olhando de novo para o movimento das suas mãos, fez duas, continuou falando e então o assunto acabou. Ao invés de ir embora, deu a volta na ilha, e ficou do meu lado, continuando o que tinha para falar. E enquanto eu ouvia e minhas mãos estavam no teclado, minhas verdadeiras mãos, as mãos da mente, já estavam em contato com a sua xoxota agarrada naquela calça e ela em segredo sussurrava de tesão no meu ouvido safado da mente. E a partir dali, minha motivação no trabalho mudou, todo dia acabou sendo assim, ela falava comigo e eu olhava nos seus olhos como se estivéssemos deitados, eu rijo, ela molhada. E quando encontrávamos para um café na cozinha, ela lavando o copo na pia e eu roçava a minha pica da mente na sua calça revestimento de loucura. Que bunda! Que bunda!


E todo dia fico ali me divertindo, me deixando levar até um limite tênue entra o êxtase mental e a ação real, me imaginando agarrando sua cintura, suas coxas, com naturalidade, sem forçar a barra, como se nossos corpos fossem pólos necessitados de imãs que se atracam com força sobre a mesa de café da firma, na cômoda da sala de reuniões, perto do provedor central, na salinha escondida do segundo andar. Sempre imagino também em um dos banheiros, claro. Uma perna dela na privada - tampa fechada, claro, calça arriada ou saia (ai no caso, só calcinha abaixada), mão direita na parede da direita, mão esquerda, na parede da frente, com sua maravilhosa bundinha me olhando, enquanto entro-e-saio-entro-e-saio, enquanto tremo de medo e esqueço o medo de alguém bater na porta, de alguém perceber o movimento.

É esse o jogo silencioso que me permito, fora isso, nada de traições, nada de safadezas, sou um marido justo e fiel, sei o quanto é maliciosa a língua ferina, ainda mais das meninas que com inveja da coleguinha, poderiam muito bem barrar minha felicidade. Todavia, coitadas, não chegam perto, a empresa está numa época em que contrata eficiência ao invés de curvas, suga o dinheiro do cliente não mais pelo tesão, mas sim, pela qualidade. Pena que Deus não dá asa a cobras e, justamente, a de corpo perfeito não tem lá muito talento a não ser os naturais. Não que isso seja ruim, mas é o suficiente para despedirem quando cansarem de olhar para seu rebolado, quando cansarem de seus erros compensados pelas coxas. E eu, enquanto trabalhador, alivio a dor da chibata me concentrando com audácia de um monge louco e safado, enquanto jorram jobs, eu jorro minha felicidade por trabalhar ao lado de tanta inspiração.

Bom, vida de casado é assim, imaginamos, gozamos, mas nunca tocamos. Pelo menos é assim que penso do casamento e penso que é o verdadeiro trabalho na criação, instituições – o casamento e a criação, nem um pouco falidas quando lhe permitem tesão alheio de qualidade criativa.